Apesar dos estereótipos produzirem um ideal de que a bissexualidade é apenas uma fase de promiscuidade, que geralmente passa na “vida adulta”, e que não é possível ser bissexual de outro jeito, existem, sim, bissexuais de todos os tipos.

Em “Quando Fernando morreu”, Beatriz Lucio traz uma faceta nem sempre vista da bissexualidade nas histórias: Virgínia é uma mulher adulta, mãe de uma adolescente, e que acaba de perder o marido. Fernando foi seu amor por quase vinte anos. Ele era seu companheiro. Seu marido. Seu amante. O pai de sua filha. Com a morte dele, tudo desmoronou.

O conto é curto, mas consegue abordar muito bem o luto pelo qual Virgínia está passando. Ela sempre teve problemas com a mãe, especialmente em relação à sua sexualidade, que nunca foi aceita pela mulher. Virgínia é bissexual, só que para a sua família aquela “fase” havia passado quando ela se casou com Fernando. Mas a bissexualidade não é uma fase, e “Quando Fernando morreu” vai abordar essa questão e desconstruir esse estereótipo com perfeição.

Virgínia também tem medo de não ser aceita pela filha, questionando, muitas vezes, seu papel de mãe. É o oposto do que costumamos ver em histórias LGBTQIAP+. Normalmente, vemos adolescentes com medo de não serem aceitos pelos pais.

Enquanto acompanhamos a jornada de Virgínia para reconstruir sua vida, nos deparamos com a bifobia, mas vemos também o poder de uma mulher que sempre soube quem é, e tem orgulho de si mesma.

“Quando Fernando morreu” está disponível para a leitura em e-book.